Bate-Bola | Jones Mário/Da redação | 29/04/2013 11h50

Bate-bola: Amarildo Carvalho

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"Ainda quero ver um time daqui do Estado na série C, série B e, porque não, em uma série A". (Foto: Jones Mário)

Amarildo Carvalho

Jogador de futebol durante 18 anos de sua vida, o hoje dirigente do Esporte Clube Comercial Amarildo Carvalho se declara pré-candidato às eleições de 2014 da Federação de Futebol de Mato Grosso do Sul (FFMS). Cria do Operário Futebol Clube desde os treze anos de idade, Amarildo só parou de jogar em 1995, de volta ao clube que o revelou. 

Começou sua carreira como técnico exatamente no maior rival do Galo: o Comercial. Em sua passagem pelo Colorado,  conquistou dois títulos Estaduais. Natural de Ponta Porã, Amarildo também treinou a equipe do Coxim, onde também conquistou um Campeonato Estadual.

Aos 48 anos de idade, o ex-jogador se diz bastante experimentado no futebol do Estado e conta ao Esporte Ágil, toda sua trajetória como jogador, como técnico e como dirigente.

EA - Como foi sua carreira no futebol, desde a base até os dias de hoje como dirigente?

Amarildo Carvalho - Fui jogador de futebol por 18 anos. Comecei a jogar futebol no Operário Futebol Clube desde os meus treze anos de idade. E minha vida começou tudo aqui, no futebol sul-mato-grossense. Com dezenove anos fui para o Palmeiras, onde fiquei por três anos jogando no Palmeiras. De lá, fui vendido pro Futebol Clube do Porto, de Portugal, onde fiquei mais três anos. Depois fui emprestado para o Marítimos, também de Portugal, onde fiquei por mais três anos. Fui para a Espanha, joguei no Celta de Vigo por uma temporada. Fiquei mais ou menos oito anos na Europa. Quando retornei ao Brasil, já com trinta e poucos anos, ainda joguei aqui no Grêmio Maringá, no Sport Recife e fui parar no Operário, em 95.

Aí comecei minha vida de treinador de futebol aqui no Estado. Foi no Comercial que comecei como treinador. Dei dois títulos estaduais para o Comercial, dei um título pro Coxim, do interior do Estado, que nem futebol tinha. Aqui no Estado já treinei quase todos os times do interior.

EA - E como foi sair do Operário, ainda com dezenove anos, pra jogar no Palmeiras?

AC - Quando fui vendido para o Palmeiras nos anos em 1983, Campo Grande era uma província praticamente, e eu nunca tinha saído do Estado. Eu via os jogadores do Palmeiras só pela televisão, era fã do Leão, e jamais pensava em jogar com esse pessoal. Aí cheguei no Palmeiras todo “matutão”, eu sou do interior do Estado, criado no Pantanal, meus pais são de Corumbá. Cheguei em São Paulo com camisa xadrez, uma “fivelona” e de bota.

Quando cheguei ao vestiário, vi Leão, Rocha, esse pessoal da seleção Brasileira, e o pessoal olhou pra mim e perguntaram se contrataram um jogador ou um peão. Eu quase quis cavar um buraco e enfiar a cara dentro, foi uma história muito engraçada. Fora a sacanagem que faziam dentro do vestiário comigo, chamavam de caipira, mas era uma brincadeira sadia. 

EA - O que você vê de diferença na prática do futebol de antes com o de hoje?

AC - Eu acredito que acabou o talento. Antigamente se jogava o futebol, hoje em dia, ganha quem corre mais. Antes nós tínhamos jogadores como eu de monte. Hoje não é mais questão de dom, é de preparo físico mesmo. O futebol aqui no estado tem que melhorar a qualidade do jogador. O investimento no nosso futebol é zero, principalmente aqui na capital, é por isso que o interior leva tudo, porque lá se investe. Aqui só sobrou o Cene, que o dinheiro vem de fora, de outro país, e eles não param nunca, ficam o ano todo treinando, mantém a base. Comercial e Operário não têm nem campo pra treinar.

Tem jogador que chega aqui, olha e vai embora.  No Comercial tivemos um caso desses. O jogador chegou, viu o centro de treinamento e no outro dia pegou o avião e foi embora. Cuiabá está na nossa frente, lá paga-se bem treinador e jogador

EA - Como ex-atleta do Operário, o que você está achando da relação do recém-formado Novoperário e o recém-refundado Operário?

AC - O Novoperário pra mim já é uma realidade. Começou com o pé no chão. Primeira coisa que eles fizeram foi comprar um Centro de Treinamento, com uma área boa, e acabou roubando alguns torcedores do Operário. Quanto ao Operário, se o presidente que tiver lá não fizer um trabalho sério não consegue levantar. Tem muitos presidentes aqui que são eternos no cargo, eu queria saber por quê. Tinha que dar oportunidade, ter uma lei para que o presidente ficasse no máximo três anos.

EA - Porque os times da Capital não recebem investimento?

AC - Os empresários e até mesmo o poder público dizem que do jeito que tá, não dá pra investir, nós não sabemos pra onde vai esse dinheiro. Aqui em Campo Grande, as equipes maiores tinham de ser melhor remuneradas, mas temos muitos times, o que dificulta a distribuição dos recursos.

EA - Porque decidiu anunciar a pré-candidatura à presidência da FFMS?

AC - Eu comecei a divulgar a pré candidatura por pedido de amigos. Tem muita gente brava, mas nós estamos em um país democrático. Eu sou candidato porque tenho experiência no futebol. Lógico que eu não estou sozinho, tenho uma equipe boa comigo. Não adianta ficar fazendo pressão, se o lado deles é forte, não precisa ter medo de mim porque eu sou pequeninho.

EA - E quanto aos outro pré-candidato? Vocês já conversaram?

AC - Coquinho é meu amigo, vou conversar com ele, assim como com o Carlos Alberto de Assis, que também está despontando como candidato. Nós temos que unir força, não é hora de vaidade, nosso interesse é ajudar o futebol. 

EA - Você acredita que o investimento por parte dos órgãos públicos é suficiente?

AC - É difícil falar, mas eu acho que fica a dever. Esse ano foram R$ 600 e poucos mil só pro futebol, mas pra clubes ainda não. Mas o clube também tem que entrar com projetos sérios para receber um repasse. 

EA - Pra fechar, seu coração é operariano ou comercialino?

AC - Meu coração é Comerário. Sou grato às duas equipes, uma me deu a oportunidade de jogar futebol e a outra, de ser técnico. Eu torço pro clube em que estou trabalhando. Ainda quero ver um time daqui do Estado na série C, série B e, porque não, em uma série A.

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