Bate-Bola | Vitor Yoshihara/Da redação | 07/12/2009 20h30

Bate-bola: Aline Fuhr

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“A dificuldade é, assim como qualquer outra modalidade aqui no Estado, a falta de apoio”. “A dificuldade é, assim como qualquer outra modalidade aqui no Estado, a falta de apoio”. (Foto: Foto: Jeozadaque Garcia/Esporte Ágil)

Aline Fuhr

Formada em Educação Física pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), Aline Fuhr sempre praticou futebol. Com o passar dos anos, a maracajuense de 28 anos foi amadurecendo a ideia, que teve entre amigas, de organizar um campeonato voltado apenas para a categoria feminina. A realização desse sonho aconteceu com a 1ª Copa Open de Futsal Feminino.

"Não é uma 'revolta', mas sim um projeto antigo nosso, de reunir e confraternizar as meninas do futsal aqui no Estado", afirma. Para ela, o futsal é uma modalidade como outra qualquer, que ajuda no desenvolvimento, educação e inclusão social. "Essa visão de que é um esporte para homens infelizmente ainda existe", complementa.

A competição, que começou no dia 15 de novembro e terminou no último dia 6 de dezembro, contou com um total de 25 equipes, divididas em três categorias: 13 times na principal - idade livre, seis na Sub-18 e seis na Sub-15. A intenção, segundo Fuhr, é que "o torneio seja o primeiro de várias edições".

Esporte Ágil - Como surgiu a ideia de fazer esse campeonato?
Aline Fuhr -
Já tinha um bom tempo que tínhamos o interesse de fazer um evento entre amigas. Tomei a frente, fomos em busca de apoio e conseguimos viabilizar ele.

Esporte Ágil - Existe algum tipo de discriminação das pessoas com relação ao futebol feminino?
Aline Fuhr -
Discriminação eu não encontrei. A dificuldade é, assim como qualquer outra modalidade aqui no Estado, a falta de apoio, de incentivo financeiro. Está é nossa maior barreira, nossa maior dificuldade.

Esporte Ágil - Está tendo um aumento considerável na prática do futebol feminino. O que mudou dos últimos anos para cá?
Aline Fuhr -
O preconceito, principalmente. Quando comecei lá na escola, quando não tinha muita divulgação, o preconceito era muito grande. Hoje em dia não. Até como professora, eu vejo que nas escolas a prática aumentou bastante. Os meninos até chamam as meninas para completar time. Acho que o que mais mudou foi o preconceito e com isso aumento o número de meninas no futebol.

Esporte Ágil - Você acha que devido a credibilidade do futebol masculino, o momento é de se investir no feminino?
Aline Fuhr
- Olha, eu acho que é o momento é de se investir nos dois. Não podemos deixar de trabalhar com o masculino para trabalhar só com o feminino. De maneira nenhuma penso que deve ser por esse lado. Eu acho que o futebol feminino está ganhando espaço, está mostrando que por meio dele as empresas podem ser vistas. Tem muito potencial humano aqui no Estado, meninas boas que tem chance de se formarem aqui mas de jogarem nos grandes centros, talvez até fora do país. Mas eu acredito que não podemos deixar de maneira nenhuma de se investir no futebol masculino. Os dois tem de caminhar juntos. Talvez se houvesse uma estruturação das equipes masculinas, agregando os times femininos juntos, seria muito melhor para os dois.

Esporte Ágil - Você é formada em Educação Física. O que você acha que deve mudar na área esportiva escolar para que o Brasil se torne uma potência olímpica?
Aline Fuhr -
Com certeza tem que ter o investimento na formação do atleta. A Educação Física tem mudado de visão, de tendências, e a última que estávamos seguindo é a de inclusão, de maior número de participantes. Agora nosso foco talvez seja na formação, não deixando de ter a participação e a formação integral do cidadão.

Esporte Ágil - Você acha que em termos estruturais Campo Grande está preparada para projetos como esse?
Aline Fuhr -
Acredito que existe interesse das secretarias em fazer isso, inclusive tivemos uma assembléia na Câmara Municipal de Campo Grande. O interesse das políticas públicas existe. Esse é o ponto de partida. Do interesse começar a agir. Se não tiver atitude não sai nada.

Esporte Ágil - Estamos vendo que o poder público está olhando diferente para o esporte. O que devemos fazer para que o poder privado mude essa ideia de investimento que eles tem no esporte?
Aline Fuhr -
Acredito que o poder privado tem que compreender que através do esporte a sua empresa vai aparecer. O poder público apoiando eventos esportivos e o poder privado patrocinando as equipes, todos vão aparecer.

Esporte Ágil - Para quem quer ser atleta, quem deve procurar?
Aline Fuhr -
Com certeza um professor de Educação Física que tenha um trabalho bem direcionado. Hoje nós temos trabalhos muito bons em escolas particulares. Lógico que existem as escolas públicas, mas a estrutura maior está nas particulares. Temos a Escolinha Pelezinho, o Colégio Dom Bosco, a Mace... Não desmerecendo. Sou professora da prefeitura e temos muitos professores capacitados, mas a estrutura em si está maior nas escolas particulares. Então eu recomendo para o atleta de destaque procure uma instituição formada, que tenha um professor que dê uma base muito boa.

Esporte Ágil - O que falta de estrutura da rede pública para ela alcançar o nível das escolas particulares?
Aline Fuhr -
Eu, por experiência própria, vivi lá e graças por interesse de muitas pessoas das secretarias municipal e estadual tem melhorado muito a Educação Física e o treinamento esportivo dentro da escola pública. Acredito que 100% das escolas municipais tenham quadra coberta, o material é de qualidade, não é mais aquela bola que só se jogava uma vez, equivalente às escolas particulares. O que faltaria mais é um tempo maior para se trabalhar com esse aluno. O aluno tem duas aulas por semana de educação física, na qual ele vai trabalhar o geral, com a turma toda. Tem as turmas específicas de treinamentos esportivos. É aqui que também falta tempo para se trabalhar com o aluno-atleta.

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