Bate-Bola | Da Redação | 04/10/2005 18h47

Bate-Bola: Aldo José e Carlos César

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Carlos e Aldo

Aldo José Pereira Aguilero e Carlos César Gimenes são os responsáveis pela realização da Copa Kombate de Ciclismo, que acontece desde 2001 em Campo Grande e este ano conta com dez etapas. Aldo é funcionário público estadual aposentado, devido a um acidente que sofreu de moto e o deixou deficiente. Ele diz que o ciclismo o ajuda muito, pelo fato de ser um esporte que se encaixa com sua deficiência na perna.

Carlos também é funcionário público e foi quem teve a idéia de dar início a Copa Kombate. Está envolvido com o ciclismo há anos e diz que Mato Grosso do Sul é deficiente há muito tempo nesta modalidade.

Os dois já fizeram parte da Federação Sul-mato-grossense de Ciclismo, mas saíram este ano e fundaram a Liga MS de Ciclismo, que funciona independentemente e conta com 70 atletas filiados. Eles criticam o trabalho da Federação e afirmam que ela se direciona a interesses pessoais e lembram ainda, que se não fosse a Copa Kombate, neste ano o ciclismo de Mato Grosso do Sul estaria morto.

Esporte Ágil - Como vocês começaram a se envolver com esporte?

Aldo - Eu sempre gostei de praticar esporte, mas descobri o ciclismo um pouco tarde. Comecei a praticá-lo graças a um acidente que sofri, pois tive que ficar um tempo sem exercer atividades físicas e o ciclismo encaixou com minha deficiência. Hoje posso dizer que sou apaixonado por esta modalidade. Esse ano eu não estou competindo porque estou trabalhando em prol do ciclismo, mas já competi profissionalmente há uns três anos atrás e fui campeão de Contra-relógio, em 2003 e da categoria master A, da Copa Kombate de 2002.

Carlos - Eu comecei praticando futebol, como a maioria das pessoas, e através de amigos conheci o ciclismo. Gostei e comecei a praticar já faz dez anos. Comecei no mountain baike trilha e já conquistei alguns títulos nessa e em outras categorias.

Esporte Ágil - De quem foi à iniciativa de realizar a Copa Kombate?

Carlos - O ciclismo em nosso Estado já é deficiente há muito tempo. Há uma panelinha que comanda a modalidade há anos e se direciona a interesses pessoais, para obter lucro com isso, já que essas pessoas são do ramo de secretaria ou de comércio de bicicletas. As provas eram mal organizadas e eu comecei a realizar pequenos torneios com um grupo de amigos. No início eram oito pessoas, este número foi aumentando e hoje esse torneio se tornou à competição de ciclismo mais organizada de nosso Estado, que é a Copa Kombate.

Esporte Ágil - Quantas etapas acontecem por ano?

Carlos - A Copa Kombate começou como provas distintas, que ofereciam prêmios. Depois se tornou um campeonato com cinco etapas e nessa última edição, em 2005, acontecerão dez etapas.

Aldo - Se não fosse a Copa Kombate, neste ano o ciclismo de Mato Grosso do Sul estaria morto. E isso quem fala são os próprios ciclistas. Realizamos uma prova por mês, sendo que antigamente, acontecia duas ou três provas por ano, todas desorganizadas e sem premiação em dinheiro. Nós oferecemos R$ 5.000,00 em dinheiro para ser dividido em cinco categorias.

Esporte Ágil - Em média, qual é o número de ciclistas que disputam a Copa Kombate? Pessoas do interior ou de outros Estados também participam das provas? 

Carlos - Participam cerca de 70 ciclistas por etapa. No início, apenas pessoas de Campo Grande participavam, mas a competição foi crescendo, até porque não existe outra competição de nível no Estado, e atualmente todo o Estado participa. Vem gente de Dourados, Coxim (que são os que mais ganham provas), Miranda e Anastácio. Já vieram também ciclistas do Paraná e o que lidera a categoria elite, é do interior de São Paulo, da equipe de São Caetano, uma das principais do Brasil.


Esporte Ágil - Vocês contam com apoio ou patrocínio de alguma instituição?

Carlos - Esse é um grande problema. Desde o começo sempre corremos atrás da iniciativa privada, o Estado oferece recursos a todas as modalidades, mas como a Federação de Ciclismo é desorganizada, nesses cinco anos de administração recebeu uma fonte de recursos de aproximadamente R$ 200.000,00 e não melhorou em nada o ciclismo, o que mostra que realmente é voltada para interesses próprios. Como no último ano a Federação não conseguiu prestar muitas contas do recurso público que recebeu, acabou inviabilizando a parte dela, que não consegue mais pegar recursos, e a nossa também, pois quando buscamos ajuda, as pessoas nos perguntam se estamos ligados à Federação, pois ela está desestruturada e não tem administração. Não conseguimos recursos públicos devido a isso.

Aldo - Quem nos apóia são amigos, donos de empresa.

Esporte Ágil - Vocês não trabalham junto a Federação?

Aldo - Existe uma diferença muito grande entre pessoas que amam o esporte, que na minha opinião é algo saudável e fundamental na vida de todos, para aquelas que utilizam dele para satisfazer interesses próprios. Eu e vários amigos que pedalam e que são apaixonados por esta modalidade, não só pelo dinheiro, que é o que acontece com o pessoal que vem comandando a federação há muito tempo, ficamos indignados com tanta coisa errada e decidimos nos juntar e hoje estamos fazendo o ciclismo aparecer no Estado. Em 2004 criamos a ACC - Associação Campo-grandense de Ciclismo - um clube que nasceu de quatro ou cinco amigos que se juntaram e hoje conta com 70 atletas filiados. Até o ano passado, nós estávamos juntos com a Federação, mas na última eleição teve falcatrua, para que permanecesse o mesmo presidente, então abandonamos a Federação e criamos a Liga MS de Ciclismo. Geralmente as pessoas que criam ligas, estão indignadas com a administração da Federação, que não oferece apoio em hipótese nenhuma, e acabam caminhando paralelamente. Temos hoje quatro clubes filiados a Liga. A Federação está fazendo provas que não reúne ninguém, enquanto a ACC realiza a Copa Kombate, sobre a supervisão da Liga.

Carlos - A Liga foi criada obrigatoriamente, já que todas as associações devem ser filiadas a Federação ou a Liga. Em efeito jurídico, nós estamos legais. A associação que realiza a Copa Kombate começou a ser retaliada pela Federação, que mandou ofícios a Agetran e a outros órgãos dizendo que éramos ilegais e não tínhamos condições de realizar a competição, tentando prejudicar nosso evento. Então criamos a Liga para nos tornar independente. O pessoal do interior nem conhece a Federação, já que a mesma, não trabalha em nível de Estado.

Aldo - A Federação cobrou R$ 2.000,00 para realizar um evento em Fátima do Sul, então a Liga decidiu realizar a prova dentro da cidade sem cobrar nada, recebeu ajuda apenas com combustível para a diretoria ir até lá. Surgiu uma categoria local em Fátima do Sul, com 35 ciclistas, um pessoal novo, que está começando. Essa é a base para o crescimento e não, elitizar e só valorizar quem já está pedalando e tem equipamento bom. Senão não dá para chegar lá na frente com uma quantidade boa de ciclistas. A tendência é aumentar o número de atletas para ficarmos cada vez mais forte.

Esporte Ágil - Vocês já tentaram presidir a Federação?

Aldo - O Carlos foi candidato a presidente da Federação e eu vice nas eleições deste ano, que aconteceram em janeiro, mas perdemos. Foi aí que criamos a Liga, onde o Carlos é presidente e eu o vice. Estamos trabalhando bastante e estamos muito satisfeitos com o nosso evento, as pessoas estão nos dando credibilidade. Esquecemos da Federação, vamos fazer o nosso trabalho, o que a gente gosta e quer.  O atual presidente está a cinco anos no cargo, nós éramos do conselho fiscal da Federação, estávamos dentro da administração. Em termos, já que nada era passado para nós. Ele ressuscitou alguns clubes que estavam parados para poder elege-lo, usou de má fé, perdemos a eleição por 4 a 3. Nós estamos mexendo juridicamente para tentar cancelar esta eleição, mas é muito difícil. Ficamos até 2004 com a Federação, esperando a eleição, que foi em janeiro deste ano. Não temos medo de presidir a federação, somos organizados, honestos e competentes.


Esporte Ágil - Temos atletas que se destacam a nível nacional?

Carlos - Sim, muitos atletas bons saíram do Estado e estão no interior de São Paulo. Um deles vai para o Pan, mas como ciclista do estado de São Paulo, até porque não teve apoio suficiente aqui. A base do ciclismo está naquelas pessoas que começam com uma bicicleta simples podendo ser descoberto como um talento. Não apenas em pessoas que tem um bom equipamento e tempo para treinar. Os destaques que tinham na Copa Kombate do ano passado foram encaixados em equipes de fora do Estado, por interesse de algumas pessoas da Federação, para que só uma pessoa do interesse deles se destaque no Estado.

Esporte Ágil - Vocês realizam outros eventos?

Carlos - Realizamos um em Fátima do Sul e outro em Paranaíba. Cada Associação realiza um "Grande Prêmio" por ano. Em 2005 aconteceram 15 provas.

Esporte Ágil - O que vocês acham da cobertura jornalística esportiva aqui no Estado?

Carlos- O Esporte Ágil é quem tem dado o maior apoio, sempre nos prestigiando. Em relação a matérias impressas, contamos com O Estado. Agora, em televisão, não contamos com cobertura, até porque, muitas provas que foram realizadas pela Federação atrasavam horas e a TV comparecia, mas não podia ficar esperando. Hoje eles dão preferência a outras modalidades, talvez pensando que isso possa vir a se repetir.

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