Basquete | Da redação | 30/04/2005 09h22

Eleição na CBB: oposição quer tirar Grego do poder

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Atravessando um dos momentos mais conturbados de sua história, o basquete brasileiro viverá um dia decisivo na próxima segunda-feira. Presidida desde 1997 por Gerasime Bozikis, conhecido como \"Grego\", a CBB (Confederação Brasileira de Basquete) elegerá em assembléia geral o seu mandatário para os próximos quatro anos.

Concorrem duas chapas. Uma encabeçada pelo próprio Grego, que busca seu terceiro mandato consecutivo, e outra formada pela união das forças de oposição, que tem como candidato o dirigente carioca Hélio Barbosa. Têm
direito a voto os presidentes das 27 federações estaduais.

O ex-técnico da seleção brasileira masculina José Medalha, primeiro a se lançar candidato ainda no ano passado, uniu-se a Barbosa há duas semanas por julgar que juntos teriam mais chances de vitória.

\"O basquete foi por água abaixo na administração do Grego, por isso é uma eleição que está suscitando muito interesse e muita torcida por parte de todos\", disse Medalha, que levou o Brasil ao 5º lugar nas Olimpíadas de Barcelona-92.

Otimista, a chapa de oposição confia na vitória. \"Estou chegando com pelo menos 14 votos fechados. Tenho votos suficientes para ganhar a eleição. Gostaria muito de me garantir como vitorioso, mas eleição é eleição. Vai ser
uma briga até a última hora\", apostou Barbosa, que acusa o atual presidente de tentar comprar votos.

A oposição acusa Grego de falta de transparência em sua gestão. Grego, convidado por uma universidade carioca para um debate com os presidenciáveis no fim de fevereiro, não compareceu. Ele também se recusou a receber
uma comissão dos representantes de clubes que queriam rediscutir os critérios de distribuição das verbas arrecadadas com o Nacional masculino.

A recusa levou os clubes, liderados por Oscar Schmidt, hoje dirigente do Telemar, a criar uma liga independente - batizada de NLB (Nossa Liga de Basquete). Chamado para participar das reuniões, o presidente novamente preferiu o isolamento.

\"A única pessoa que fechou as portas para a liga foi o Grego. Não conheço mais ninguém que seja contra a criação da liga\", atacou Barbosa, que já se comprometeu a aceitar a filiação da NLB. \"Vamos sentar e trabalhar a quantas mãos foram necessárias para fazer uma liga independente, mas vinculada à CBB\".

\"Nosso ojetivo é mudar a situação que está por aí porque, se não conseguirmos, projetamos um futuro negro para o basquete\", afirma. A
\"situação\" a que se refere Medalha é uma crise técnica e institucional como há muito não se via no país.

Na parte técnica, destacam-se o declínio assombroso da seleção masculina, a fuga das poucas jovens revelações para o exterior e o sucateamento dos campeonatos nacionais - marcados nos últimos anos por baixo nível técnico, desistências de clubes no decorrer dos torneios e resultados decididos no tapetão.

Na parte institucional, há o \"racha\" com os clubes, acusações de desvio de dinheiro por parte de membros da entidade e ações judiciais por parte de uma empresa de marketing que já renderam um prejuízo de cerca de R$ 3 milhões de reais à CBB.

Como se não bastasse, o basquete recebeu seguidos \"puxões de orelha\" do Comitê Olímpico Brasileiro por não aplicar bem os recursos provenientes da Lei Agnelo-Piva (cerca de R$ 6 milhões desde 2002), deixando de cumprir
metas em itens como evolução técnica, aumento no número de praticantes, melhoria na infra-estrutura de treinamento, criação de centros de
excelência, entre outros.

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