Atletismo | Da redação | 23/12/2004 19h05

Programa Sport Check-up adotou um atleta

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Programa Sport Check-up

Algumas iniciativas provam que o esporte no Brasil ainda dará muitos frutos. Uma foi tomada há cerca de um mês, quando o Hospital do Coração, através do Programa Sport Check-up, resolveu "adotar" um atleta. O verdadeiro presente de natal foi dado a Valdemir José Filho, corredor de 24 anos, que já ganhou vários prêmios, em provas de 10 a 21 Km e, segundo especialistas, é uma grande promessa das pistas brasileiras. Além de contribuir com a descoberta de um novo talento esportivo, o hospital provou que não é difícil ajudar a realizar o sonho de muita gente. Assim como Valdemir, muitos atletas espalhados pelo Brasil inteiro estão à espera de uma simples oportunidade de mostrar que são vencedores. O pernambucano de Tacaratu estudou até a oitava série. Desde a infância trabalhou no campo, no interior do estado onde nasceu. Aos 24 anos, sonha em se tornar um profissional e viver só de corrida e, com o apoio do Sport Check-up, já deu um grande passo rumo a essa realização. Valdemir trabalhava como tratador de animais no Parque Ibirapuera quando foi descoberto jogando futebol, há cerca de três anos. A rapidez e habilidade do atleta chamaram a atenção de um corredor que treinava no parque e que o incentivou a procurar um treinador. Foi o que ele fez, e desde então não parou mais. Sua especialidade é a corrida de 10 Km, mas o jovem atleta já venceu provas de diferentes distâncias e o próximo desafio será disputar a São Silvestre pela terceira vez. Hoje, Valdemir é treinado por Miguel Sarkis, que o acompanha sem cobrar nada. O HCor chegou até o atleta através do marido de uma veterinária do Ibirapuera que começou a dar apoio nos uniformes e também a oferecer cestas básicas para Valdemir. Essa pessoa, sabendo do programa Sport Check-up, que é focado na Medicina do Esporte e Medicina Preventiva, procurou o hospital, que demonstrou interesse em apoiar o corredor. Além de ajudar com os uniformes e inscrições nas corridas em São Paulo e no transporte em provas fora da cidade, o HCor deu a Valdemir um Sport Check-up completo e um emprego na área de serviços gerais do hospital. O atleta, que treina seis dias por semana, já passou por todos os exames e diz que se sente muito bem. "Já fiz o check-up e os médicos disseram que está tudo certo. A única coisa é que o resultado do exame de colesterol foi um pouco alto", contou o corredor, que diz ter uma alimentação normal e comer de tudo. Depois da bateria de exames, os médicos do Sport Check-up farão um acompanhamento físico e nutricional em Valdemir. "Ele irá passar por um acompanhamento cardiológico daqui pra frente. Como todo atleta, ele possui um coração hipertrófico, ou seja, maior do que o tamanho normal, e uma capacidade grande de esforço que pode ser aprimorada se for feito o acompanhamento necessário. Iremos fazer as recomendações de acordo com o Sport Check-up para que ele tenha uma dieta mais balanceada, já que apresentou colesterol alto. O restante está tudo perfeito", garantiu o Dr. Carlos Hossri, médico do programa que acompanhou o desempenho do corredor nos exames. Valdemir acredita que sua vida melhorou muito depois que começou a praticar esporte de forma séria. "A minha saúde mudou. Agora tenho mais disposição para fazer as coisas e vontade de ser cada vez melhor. Se eu corro mal, isso é mais um motivo para que eu tente melhorar. Eu treino uma vez por dia e gostaria de me dedicar inteiramente às corridas e poder treinar em um ritmo correto", argumentou o atleta, que ainda tem que dividir seu tempo entre o emprego no hospital, a mulher e o filho de dois anos. Na primeira competição em que vestiu a camisa do HCor, Valdemir provou que a "adoção" foi bem sucedida. Ele ficou em primeiro lugar na Terceira Corrida pela Cidadania MPR, que faz parte do projeto Arrastão, realizada na Hípica Santo Amaro. Agora, o campeão terá mais uma chance de mostrar que é fera de verdade na corrida de São Silvestre, mas ele está consciente que não será nada fácil subir ao pódio. "Espero poder vencer uma São Silvestre daqui a uns três ou quatro, anos quando estiver mais preparado." O craque das pistas se mostrou muito feliz com a iniciativa do HCor e lembra das dificuldades de se conseguir um patrocínio. "Principalmente em esportes como o meu, o patrocínio é difícil. As pessoas só se interessam em ajudar um atleta quando ele começa a aparecer mais, quando começa a ganhar. Se esse trabalho fosse feito com atletas que estão começando seria muito melhor, teríamos muito mais campeões e quem sabe mais brasileiros nas Olimpíadas." O exemplo de Valdemir pretende ser levado adiante pelo HCor. No início do ano, será lançada uma campanha de incentivo ao esporte para descobrir novos talentos dentro do hospital. "Pretendemos buscar outros funcionários que já pratiquem esportes individuais e dar um suporte a essas pessoas. Com a campanha lançada, faremos um processo de seleção de currículos para saber se elas já competem e têm potencial. Assim criaremos uma equipe de esportistas", explicou Hélio Raia, assistente da superintendência.

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