Terça-feira, 01 de julho de 2025, 10:04

“Transformo cada desafio em semente de mudança”, diz lutadora de MS

da redação - 20 de jun de 2025 às 13:30 75 Views 0 Comentários
“Transformo cada desafio em semente de mudança”, diz lutadora de MS Da Redação

Natural de Caarapó, no interior de Mato Grosso do Sul, a lutadora Mixeli Daiane Almeida, de 31 anos, tem conciliado treinos intensos, competições em diversas modalidades e a rotina como instrutora de jiu-jitsu para continuar crescendo no universo das artes marciais. Ela começou sua trajetória em 2014, quando conheceu o jiu-jitsu em uma academia pequena, sem nenhuma outra mulher treinando. “Comecei a treinar e me apaixonei pelo esporte”, relembra.

O jiu-jitsu foi sua porta de entrada, mas não demorou para que Mixeli se interessasse por outras modalidades. “Já parti para o boxe no intuito de lutar MMA. Com três meses de treino fiz minha primeira competição de jiu-jitsu e logo depois entrei para o MMA”, conta. A busca por um desempenho completo levou a lutadora a explorar diversas técnicas. “Fui me desafiando cada vez mais. O empenho, a vontade e a necessidade fizeram com que eu entrasse nas competições de outras modalidades, como boxe, kickboxing, boxe chinês, jiu-jitsu, MMA e muay thai.”

Entre as conquistas mais marcantes da carreira, estão títulos estaduais, nacionais e internacionais em diferentes modalidades, além de disputas de cinturão. “O evento Fight Night, a disputa de cinturão, o Estadual e Brasileiro de jiu-jitsu, o Brasileiro de kickboxing, o Destaque Pantanal Fight, o Internacional Cup de jiu-jitsu, o Brasileiro de boxe chinês e o Estadual de boxe. As lutas mais marcantes foram aquelas que exigiram o máximo de mim, tanto pelo alto nível das adversárias quanto pela dificuldade de conciliar estudo, trabalho e paixão pelo esporte.”

Atualmente, além de competir, Mixeli é também instrutora de jiu-jitsu. Na faixa roxa, ela decidiu compartilhar seu conhecimento com outras pessoas, especialmente mulheres e crianças. “Quando comecei a me destacar, reparei que faltava algo. Como atleta mulher, vi o quanto eu poderia ajudar outras pessoas. A luta, para mim, não é só um esporte, é um estilo de vida que pode salvar, alegrar, tirar a pessoa da zona de conforto”, diz. “Repassar conhecimento é como competir: é preciso estar preparada, saber o que está fazendo e o porquê. Não é só físico, também exige preparo psicológico.”

A rotina em Caarapó é dividida entre treinos e aulas, realizadas principalmente fora do horário comercial. “Treino e dou aulas do começo da semana até o sábado. Faço jiu-jitsu duas vezes por semana, muay thai e kickboxing também duas vezes, e um treino direcionado. As aulas são em turma e também particulares.”

Ser uma mulher em destaque nas lutas, especialmente no interior do estado, é motivo de orgulho, mas também de responsabilidade. “Representa resiliência, coragem e presença. Me sinto honrada e muito grata. Ocupo um espaço que muitas vezes foi negado. A força da mulher com trabalho bem feito rompe barreiras silenciosas”, afirma. Para conseguir conciliar todas as atividades, Mixeli adota estratégias que lhe permitem administrar o tempo entre trabalho, treinos, aulas e competições. “Transformo cada desafio em semente de mudança.”

O caminho, no entanto, não é isento de obstáculos. “Na área de luta, por ser uma mulher empoderada, já é um desafio. Muitas vezes, isso se torna uma questão cultural e vem o preconceito do olhar do outro”, diz. Outro ponto citado é a dificuldade financeira. “Falta apoio. Viver do esporte requer tempo e reconhecimento.”

Apesar dos desafios, ela segue com os olhos voltados para novas possibilidades. “Com certeza já pensei em disputar competições internacionais e expandir minha atuação. Quando se trabalha com o que se ama, não há limites. O desejo de evoluir e crescer está presente em cada planejamento.”

Para Mixeli, o esporte é uma ferramenta de transformação, especialmente na vida das mulheres. “Vejo como uma ferramenta de libertação, empoderamento, desenvolvimento pessoal, físico e mental. Traz autoestima, disciplina, voz, visibilidade e coragem.”

Ao ser questionada sobre o que diria para quem está começando agora no jiu-jitsu ou no kickboxing, a resposta é direta: “Não desistam. Persistam.”

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