Ex-atleta de futsal, Danilo Medeiros decidiu transformar a experiência adquirida nas quadras durante 31 anos em um projeto voltado para a iniciação esportiva de crianças. Surgia então a Escolinha do Pato, voltada para alunos de 4 a 15 anos. O nome não é apenas um apelido carinhoso – é também uma identidade construída ao longo do tempo.
“Eu já trabalhava na área do futsal e sempre quis ter a minha escolinha. Quando saí do meu emprego, resolvi colocar o meu apelido por conta das pessoas já me conhecerem desde 2005 assim”, explica Danilo. Com isso, uniu o desejo antigo de empreender no esporte com a necessidade de manter viva sua ligação com o futsal, agora como educador.
O trabalho com as crianças é dividido em turmas por faixa etária e nível de desenvolvimento. “Temos turmas que vão da iniciação à avançada, com treinos de duas a três vezes por semana”, relata. A metodologia é adaptada conforme a idade, respeitando o tempo de cada aluno e seu estágio no esporte.
Mais do que ensinar a bater na bola, a Escolinha do Pato busca oferecer uma formação que ultrapassa as quadras. “Respeito, companheirismo, amizade, força de vontade, lealdade”, lista Danilo, quando perguntado sobre os principais valores ensinados aos alunos. Para ele, é importante que cada criança aprenda a lidar com o próximo com empatia e respeito. “Hoje ensinamos cada atleta sobre essa relação com cada colega, como respeito, carinho, amizade”.
Essa abordagem, que valoriza as relações humanas e o aprendizado emocional, vem da vivência do próprio Danilo como atleta. “Meu maior aprendizado foi dar valor a cada pessoa”, resume.
Trabalhar com crianças, especialmente as menores, exige preparo e sensibilidade. Entre os principais desafios, Danilo destaca o comportamento. “Controlar suas emoções, ações, comportamento no geral”, afirma. Ele reconhece que o esporte é uma ferramenta poderosa, mas que requer atenção às individualidades e ao desenvolvimento pessoal de cada aluno.
Apesar de alguns talentos já terem se destacado e seguido no esporte de forma mais competitiva – tanto no futsal quanto no futebol de campo – o foco principal da escolinha é a formação humana. “Acredito sim com certeza que a escolinha pode ser um trampolim para a formação de futuros atletas, mas a grande parte dos alunos nós formamos para a vida e para a rotina de um adulto”, reflete.
A estrutura da escolinha conta com uma rede de apoio fundamental: os familiares. Para Danilo, o envolvimento dos pais e responsáveis é parte essencial do processo. “Todos os atletas têm o total apoio dos seus pais e acaba que todos se ajudam em relação a isso. Formamos uma família paralela”, diz. O ambiente se fortalece com essa participação constante, o que cria um espaço de confiança e colaboração mútua.
Com a experiência acumulada, Danilo não esconde o que o motiva a continuar. “Sonhos temos muitos, mas acho que o meu próprio é continuar ensinando o futsal para essa gurizada, que eles possam desfrutar do esporte e ver o quão bonito ele é”. A continuidade do projeto está diretamente ligada ao impacto positivo que ele vê nos alunos diariamente.
Por fim, o ex-atleta deixa uma mensagem para aqueles que, como ele, pensam em seguir no caminho da formação de crianças através do esporte. “As crianças são os nossos futuros, praticamente a nossa riqueza. Ver a alegria de um sorriso de uma criança quando ela faz um gol e vai comemorar ou até mesmo o choro de uma outra que perdeu um jogo nos faz querer cada vez mais continuar na área. A vida imita o esporte e muitos aprendem que a vida vai ser dura com eles da mesma forma. Invistam seus tempos e conhecimento nas nossas crianças”, conclui.