Por mais que o voleibol ainda não tenha a mesma visibilidade de outras modalidades em Corumbá, Nilton Oliver, atleta local, segue construindo um caminho no esporte que começou por acaso e se tornou parte central de sua vida. Desde 2019, quando teve o primeiro contato com o vôlei de praia por meio de uma academia ligada à Fundação de Esportes de Corumbá (FUNEC), Nilton passou a se dedicar ao desenvolvimento técnico e físico necessário para competir em alto nível.

“Em 2019 eu conheci um projeto da FUNEC, onde levava os jovens à prática do vôlei de praia. Senti interesse e comecei o desenvolvimento do esporte”, conta. A partir dali, Nilton iniciou uma trajetória marcada por obstáculos típicos de quem vem do interior, mas também por conquistas que mostram o potencial de quem acredita no próprio esforço.

Um dos principais desafios enfrentados, segundo o atleta, é a escassez de oportunidades e visibilidade. “A falta de visibilidade no esporte. Onde a falta de recursos para atletas impossibilitavam o desempenho fora da cidade”, relata. A realidade é sentida especialmente em Corumbá, onde a distância dos centros esportivos mais estruturados e a limitação de eventos locais dificultam a projeção dos talentos regionais.

Apesar disso, Nilton conseguiu superar barreiras e destacar-se em algumas competições importantes. “Quando fui vice-campeão estadual sub-19 de vôlei de praia em 2022, participei do Circuito Brasileiro de Interclubes 2024 e tive minha primeira temporada jogando em um time de Lençóis Paulista, em São Paulo”, relembra.

A escolha pelo vôlei de praia, segundo ele, não é apenas uma preferência técnica, mas uma decisão estratégica: “Já atuei em alguns campeonatos fora do estado e até mesmo em Santa Cruz, na Bolívia, mas tenho em mente manter só no vôlei de praia”.

A inspiração para continuar vem de nomes que ele acompanha e analisa com atenção. Um deles é André Stein, atleta brasileiro de destaque no circuito internacional. “Me inspiro no André Stein pela personalidade e garra dentro de quadra, um excelente bloqueador”, afirma Nilton, destacando também a importância da postura em jogo, algo que busca reproduzir em sua própria atuação.

Atualmente, Nilton mantém uma rotina semanal intensa de treinos. “Treino toda semana, sendo três dias vôlei de quadra e dois dias vôlei de praia em alto rendimento”, resume. Essa dedicação exige não apenas resistência física, mas também organização e disciplina para equilibrar os compromissos de um atleta em formação constante.

Além das quadras, Nilton demonstra preocupação com a forma como o esporte é tratado na cidade. Segundo ele, a ausência de campeonatos locais prejudica o desenvolvimento do cenário. “Não falando só por mim, mas gostaria também que a cidade fosse palco de mais campeonatos. Geralmente os campeonatos são em Campo Grande em diante. Bem raro colocarem nossa cidade”, desabafa. Ainda assim, ele observa sinais de transformação. “Observei uma grande mudança desde o meu início no esporte. Mais interesse pelo voleibol, mais projetos e até mesmo campeonatos organizados pelos próprios atletas.”

O envolvimento com o esporte ultrapassa o desempenho técnico. Nilton reconhece que o voleibol teve um papel fundamental no seu crescimento pessoal. “O esporte foi um grande suporte em ensinamentos: comprometimento, disciplina, empatia”, afirma. Valores como esses, segundo ele, moldaram não só o atleta, mas também a pessoa fora das quadras.

Pensando nos que estão começando, Nilton tem uma mensagem direta: “Nunca desistir dos sonhos. Apesar das dificuldades, tudo é um aprendizado, seja na vida pessoal ou carreira profissional como atleta”. Essa visão também se reflete nos planos que ele tem para o futuro. “Se profissionalizar mais e criar projetos onde posso passar todos os meus conhecimentos”, projeta.