Com mais de duas décadas de história no futsal sul-mato-grossense, o goleiro Everton Carlos de Oliveira Ortiz, conhecido como Feijão, decidiu que é hora de aproveitar os últimos anos dentro de quadra. Depois de passar por diversas equipes do estado e conquistar títulos importantes, ele retorna em 2025 à Apaefs, de Dourados, equipe pela qual construiu parte relevante de sua trajetória.

“Eu comecei em Laguna Carapã, com 5 pra 6 anos de idade”, conta Everton. “Depois fui para o Mato Grosso e, em seguida, vim para Dourados, onde passei por algumas equipes da cidade até chegar no adulto.” Desde então, ele passou por times como Ubiratan, Comercial Oschiro, Funcerb (Rio Brilhante), Fazenda Bom Futuro, Fazenda Brasil, Sport Alikate (Paraguai), Dos Fronteira, Operário de Caarapó, Inter Flórida, Latinos, SBA Laguna Carapã, TransFabris, 7 de Dourados e pela própria Apaefs, equipe à qual retorna nesta temporada.

“Apaefs é onde defendi por muitos anos e retorno esse ano para defender a equipe novamente”, afirma. A lista de times revela não apenas a longevidade da carreira, mas a presença constante em diferentes cenários do futsal regional, transitando entre clubes de cidades menores e participações internacionais.

Entre os momentos mais marcantes da trajetória, dois títulos ocupam lugar de destaque na memória. “Todos os títulos são marcantes, mas existem dois que marcaram muito”, diz. “Um foi o título estadual pela Apaefs, que foi muito difícil, e o outro foi a Super Liga de Futsal FIFA no Paraguai, onde tive o privilégio de fazer o gol do título.”

Sim, um goleiro marcando o gol do título. A façanha inusitada é apenas uma das histórias que compõem o currículo de Everton. Apesar das conquistas, ele garante que o que o mantém motivado até hoje é algo além dos troféus. “Minha maior motivação é o amor que tenho pelo futsal e a vontade de ganhar, que continua a mesma ainda.”

A realidade do futsal amador, no entanto, impõe desafios diários, especialmente para atletas que conciliam rotina profissional com treinos e jogos. “Acho que o maior desafio que enfrentamos é se manter em alto nível conciliando trabalho com os treinos e jogos”, comenta. “É difícil, mas a gente vai levando.”

Na visão de Everton, o futsal de Mato Grosso do Sul tem evoluído, embora o processo ainda seja lento. “Nosso futsal está evoluindo, devagar ainda, mas está crescendo. O Mato Grosso do Sul está crescendo, com equipes participando de competições nacionais, como Copa do Brasil e Campeonato Brasileiro de Futsal”, analisa. “Ano passado tive a oportunidade de disputar a Copa do Brasil e a Taça Brasil.”

A longa carreira também faz Everton pensar no futuro fora das quadras. Um dos planos é seguir contribuindo para o desenvolvimento de novos atletas, especialmente aqueles que ocupam a mesma posição. “Tenho vontade de abrir uma escolinha para goleiros”, revela. Para os jovens que estão começando, ele deixa um conselho direto: “Treina, se dedica bastante. É sofrido, mas lá na frente vai colher grandes frutos.”

Para manter o condicionamento, o goleiro divide sua rotina entre trabalho e treinos semanais. “Eu treino de duas a três vezes por semana na escolinha da Apaefs, para tentar me manter em forma e também em alto nível”, explica.

A única grande conquista que escapou de suas mãos foi a Copa Morena, a principal competição de futsal do estado. “Um título que eu não consegui conquistar foi a Copa Morena. Consegui só um terceiro lugar. Esse era um sonho meu”, lamenta. Sem grandes pressões, ele afirma que, nesta etapa da vida, o objetivo é desfrutar o jogo. “Daqui pra frente eu quero desfrutar do futsal, que são meus últimos anos jogando. Então quero aproveitar bastante, que a única coisa que não vencemos é a idade, né?”, finaliza, com bom humor.